quarta-feira, 11 de abril de 2018

O pequeno fascista - Fernando Bonassi , IL. Daniel Bueno

         Mais uma vez, o polêmico Fernando Bonassi aborda a passagem da infância à adolescência e questiona a noção de inocência. Do ventre materno à gangue de rua, o autor descreve a trajetória de um personagem egoísta e autoritário. As imagens expressionistas de Daniel Bueno fortalecem a atmosfera agressiva dos centros urbanos. Uma forma brechtiana de educar: às avessas, pelo mau-exemplo. Recomendado para jovens e para pais e professores que pretendem discutir questões de cidadania.



                Nesse momento do Brasil não existe um livro melhor pra ser resenhado. O livro O pequeno fascista de Fernando Bonassi é uma história para crianças, mas também para adultos. O livro conta a história de um garoto genuinamente mal caráter que vai desenvolvendo desde o nascimento a perversidade e vê na sociedade em que é inserido possibilidades de lucros e  de sobressair-se  aos outros sem nenhum princípio ético.
            O personagem passa por ações extremamente semelhantes com mau-caratismo de políticos corruptos, mas também com ações de egoísmo que vivenciamos e as vezes até praticamos no dia a dia. Dessa forma, o autor expõe para criança e também para o adulto que a corrupção não vem de um ser bem distante que lucra em cima dos pobres, mas também é alimentada corriqueira e diariamente sendo muitas vezes até facilitado para essas pessoas alcançar cargos de liderança.
            Confesso que em muitas vezes no texto me parecia que o autor se referia a uma figura politica pública especifica a qual eu não sabia identificar qual era. Mas é justamente isso que o livro ajuda a abordar, o fato de estarmos constantemente olhando para corrupção e procurando um único culpado por toda a corrupção, de modo a nos sentir livres de qualquer sentimento de culpa, quando na verdade deveríamos ver como as ações do personagem principal são cotidianas e rotineiras na construção de uma sociedade marginalizada e corrompida, que um dia alcança cargos públicos e só dá continuidade aquilo que desde o inicio o permitiu vangloriar vitórias.
        Dessa forma, Fernando Bonassi faz com que a criança em seu livro reconheça atitudes do cotidiano de um fascismo, que não está somente cunhado no contexto politico, mas como uma palavra que define ações do cotidiano. Aprendendo assim o que é uma má índole no seu dia-a-dia, como criticados por seus pais ao assistirem políticos corruptos na televisão, tratando dessa forma o reconhecimento do errado no cotidiano de modo a saber construir atitudes certas.

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