terça-feira, 12 de junho de 2018

A imperfeição de Narciso

Ai, há uma carrasca dentro do meu peito.
Ela insiste em me castigar
Insiste em dizer coisas que não quero ouvir.
Joga na cara milhares de defeitos e não me dá qualidades para combate-los.

Ai, há uma carrasca em meu peito.
Ela me fala que a noite não é minha.
Qua a lua não brilha em meu favor.
E que se eu tentar, nem mesmo haverá uma estrela em meu nome.

Mas há noites, que ela me diz, que a carrasca não é ela.
Que quer me dá a mão, ou um tapa na cara.
Que quer me dizer que não é assim que se vive.
Na vida se finge de vez em vez que está tudo bem, que é assim que se convence a vida.
Que ela pode ser uma danada de curta ou de  cumprida, e que isso não se mede pelo tempo.

E as vezes olho nos olhos dela e peço:
Narciso, Narciso, me larga dessa corrente, olha a vida em volta, a gente não precisa se amar eternamente
Narciso, Narciso, solta da minha mão, há um moreno alto logo ali, ele cansou do narciso dele e quer encontra-lo em mim.
A tua vontade de perfeição é bem cruel comigo, não me deixa nem tentar  combater os defeitos mais simples.
Narciso, Narciso, vou pintar bem o rosto, mudar o cabelo, e dar muitos goles de algo bem forte que te deixe torpe e tu não me reconhecerás, só por essa noite.

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