segunda-feira, 23 de julho de 2018

Redoma

yuko shimizu 
Veio beijar-me a noite o pássaro escuro a sombra de seus desejos inconcluídos.
O espelho a que se destina ver e admirar sob a necessidade de teu auxilio e com cascos de luvas em teus pés fizeste apodrecer tua função.
Os olhos negros como sibilados pela escuridão obrigados a sorrir.
Que belos olhos negros como poços profundos de águas não mais visíveis.
O corpo rígido a sustentar o querer a que ateve-se.
Passos duros numa tentativa de trote a levar a carga.
Sorria com seus olhos negros e caminhe com sua luvas escorregadias.
Se suar sob o sonho escaldante e o brilho de corujas a lhe observar -Você está errado!- elas dizem.
Mas ao redor cabeças de cabras se engalfinham e retém o sangue de ambos e lhe olham como espelho.
O céu em redoma de espelho e corujas e seus olhos negros.
Ainda há água no final do poço, quase não está visível pois a terra a consome na redoma.
Bates então na vidraça a escapar, os teus espelhos a correr por ti, as cabras a gritar que caia, que te quebres e as corujas a dizer que irá voltar.
Se quebrar, deixa-te rasgar para que não voltes muito rápido e o teus olhos negros verão a claridade e tu estará cega.
O medo fará quase voltar pra penumbra se não aguentares a dor que é ver e aceitar a nós mesmos e o direito de sermos felizes.

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